Estiagem no RS tem impactado a agricultura e o meio ambiente

29 de Abril de 2020

O Rio Grande do Sul vem enfrentando desde o ano passado uma estiagem que tem impactado na agricultura e causado mortalidade de peixes em algumas regiões, entre outros problemas. De acordo com a Defesa Civil, no início deste mês cerca de 250 municípios decretaram situação de emergência.
O Rio Uruguai, que fica na divisa com Santa Catarina, é um exemplo do baixo nível dos nossos leitos de rios, a população da região já consegue atravessá-lo a pé. O rio, que já chegou a 500 metros de largura, no último domingo (26) media 0,68 cm de profundidade, bem abaixo da média de 3m, comum nesta época do ano.

A Barragem de Ernestina, na região Norte do Estado, também tem sofrido com a estiagem que afeta os municípios banhados por ela. De acordo com o técnico agropecuário Danilmar da Costa a redução do volume de água na barragem chega a ser de 30% a 40%. Segundo o técnico, essa redução já ocasionou uma mortalidade grande de peixes pela falta de oxigênio. "O resultado de aproximadamente seis meses de seca que cria um cenário preocupante" afirma o técnico.

Em entrevista aos veículos de comunicação da Região, o prefeito de Ernestina, Odir João Boehm, disse que a seca impacta o município em diversos setores desde os animais à agricultura, também causando uma perda grande para o meio ambiente. A Barragem margeia não somente Ernestina como também Passo Fundo, Nicolau Vergueiro, Tio Hugo e Ibirapuitã.

Outra Barragem que tem preocupado é a de Capingui, em Passo Fundo, que cinco metros abaixo do nível normal. Como em Ernestina, a redução de volume também tem ocasionado a morte de peixes. A Barragem é responsável por abastecer a cidade. Para amenizar o problema de falta de abastecimento, a Corsan está fazendo o transbordo de água do Rio Jacuí e do Lago da Pedreira, próximos ao município.
As consequências dessa estiagem na agricultura tem sido severa. De acordo com o informativo da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Rio Grande do Sul (Emater-RS) a queda na produção de soja na região norte é de 55%. Na lavoura de milho 50% e estima-se cerca de 20% de perda na produção de leite.
A Federação das Cooperativas agropecuárias do Rio Grande do Sul (Fecoagro) calcula que o prejuízo seja de R$ 15 bilhões, somente nas culturas de soja e o milho no Estado.
Além disso, outro produto que também terá uma safra menor é o pinhão, bastante característico o consumo nesta época do ano de mais frio. De acordo com a Emater a colheita do pinhão é de abril até junho e o clima seco no período desenvolvimento ocasionou a redução. Segundo levantamento feito pela Emater e a Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr), a queda é de aproximadamente de 20% a 60% comparando com a safra do ano passado.

O Banco Central autorizou a renegociação da dívida dos produtores rurais gaúchos que tiveram perdas na safra. Todos aqueles situados em municípios com situação de emergência reconhecida pelo Governo Estadual terão direito. Cerca de 200 mil produtores rurais serão beneficiados, estima-se um valor R$ 5 bilhões em transações, de acordo com a Federação da Agricultura do Estado (Farsul).

Neste cenário de problemas e prejuízos, o Conselho Regional de Biologia da 3a Região está em contato com os órgãos estaduais para oferecer o trabalho técnico dos Biólogos na busca de soluções. "Queremos que as prefeituras e os órgãos estaduais saibam que podem contar com o conhecimento e o trabalho técnico dos profissionais Biólogos na busca das melhores soluções para enfrentar este período de seca e de pandemia. Temos muito conhecimento e capacidade", afirma o presidente do CRBIO-03, Biólogo Jackson Muller.